6.1.20

Saúde mental [TW]

2019: Nesse ano passei por momentos muito difíceis em relação a depressão, idealização suicida e transtornos alimentares, então resolvi visitar um psiquiatra atrás de uma solução porque tudo isso estava me distanciando da realidade e também me tornando uma pessoa amarga. Na primeira consulta voltei com o diagnóstico de borderline e uma receita de antipsicótico, também estava assustada com a ideia de precisar ser internada por conta da anorexiaTrês anos atrás eu costumava ler bastante sobre o transtorno e me identificava mais do que gostaria, porém não esperava receber dois diagnósticos. Não vou me aprofundar muito porque sei que não tenho a inteligência suficiente sobre o assunto para passar qualquer tipo de informação, então tudo aqui é minha vivência e opinião pessoal. Comecei a reparar nos meus altos e baixos e talvez isso soe comum porque milhares de pessoas compartilham dos "dias bons e dias ruins", porém é diferente uma vez que vivo essa realidade de cinco em cinco minutos e essa repetição diária é, de fato, exaustiva. Percebi como pequenos acontecimentos provocavam tempestades emocionais, comportamentos impulsivos e a grande facilidade em concordar com diversos tipos de vícios apenas para "sentir algo". Também me incomodava bastante com a parte do isolamento social, solidão excessiva mesmo com pessoas por perto e o receio se tornando um medo do abandono e rejeição. Tudo que eu passava se encaixava direitinho nas descrições e relatos de pessoas que também possuem o mesmo transtorno. Era muito real como um texto ou um vídeo descrevia exatamente como me sentia e anteriormente na maior dificuldade de colocar em palavras, agora tudo parecia mais claro para mim. A importância de um diagnóstico, não é mesmo? 


Voltando ao remédio, até cheguei a comentar sobre ele aqui no blog e com certeza foi a pior decisão. No começo sentia calafrios e um cansaço enorme (a ponto de quase desmaiar) e depois os efeitos colaterais foram piorando cada vez mais. Quando chegou na parte da inquietação, era insuportável. Me sentia um saco de batatas não conseguindo fazer absolutamente nada, nem as coisas que costumavam me deixar bem. Depois de várias crises resolvi parar o tratamento. Foi na abstinência que minha depressão voltou com força. Não conseguia levantar da cama, chorava o tempo inteiro, crises de ansiedade e pequenas tentativas de suicídio que não resultavam em nada além de me machucar. Tudo isso somado a fobia social e self-harm. Além disso também tive o desprazer de conhecer a outra parte dos transtornos alimentares, chamada compulsão alimentar. Nisso descontava meus sentimentos na comida - o dia inteiro. Obviamente engordei e foi assim que minha autoestima desapareceu. Me afastei ainda mais dos meus pais e pessoas próximas, me punia por tudo que estava acontecendo e não tinha nenhuma expectativa de continuar viva até final do ano. Não me reconhecia mais como pessoa e mal suportava todos aqueles pensamentos contra mim. Me perdi completamenteA insuficiência, dói - e definitivamente não há outra palavra para descrever essa situação toda. 


“If I could be a different person, I would. Not because I want it, because they do”


Tudo isso até o dia em que desabei completamente e com sorte aconteceu ao lado da minha mãe que me deu todo o apoio e tentou entender o que passava na minha cabeça. Fui novamente ao psiquiatra e voltei com outra receita, dessa vez de um antidepressivo + tratamento para ansiedade. No momento me sinto melhor e diria que estável também. Até então não tive recaídas da depressão, apenas a dismorfia corporal que continua constantemente me fazendo mal, mas que aprendi a lidar da melhor maneira possível. Tenho me alimentado normal e sem exageros, apesar de ainda não ter total controle sobre a bulimia. Aos poucos espero melhorar e me encontrar de volta, lembrar quem sou eu sem a anorexia. Ainda sinto um mix de medos entre deixá-la e ter recaídas como antigamente, mas vai ficar tudo bem. Talvez eu não seja uma pessoa ruim. Talvez eu seja apenas uma boa pessoa a quem coisas ruins aconteceram. - frase que li em algum lugar mas não me lembro onde. hehe 


Chegamos ao fim. Pensei em incluir esse texto na retrospectiva 2019 mas acho que ele merece um espacinho só dele. Obrigada por ler até aqui e espero que no futuro fique tudo bem. You told me: Dear, be brave. Always Com carinho, Melina.
Ps: Se você precisar desabafar ou quiser conversar com alguém pode me chamar no Twitter ou no CuriousCat. Prometo dar o meu melhor para te responder com muito carinho e atenção.